A 7ª edição do Barómetro de Internamentos Sociais – realizado pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) em parceria com a (EY) e o apoio institucional da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e da Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) – revela que há 1.675 camas ocupadas no SNS devido a internamentos inapropriados.
Os internamentos sociais, que representavam, em março, 9,4% do total de internamentos nos hospitais públicos, têm um custo anual de mais 226 milhões de euros. Lisboa e Vale do Tejo e Norte são responsáveis por mais de 8 em cada 10 casos de utentes internados de forma inapropriada.
Os internamentos inapropriados nas unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aumentaram este ano, assim como os custos associados a estes casos, que se explicam por atrasos, quer na admissão para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), como na admissão para Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI).
Em março, estavam internadas de forma inapropriada nos hospitais portugueses 1.675 pessoas, o que traduz um aumento de 60% face ao mesmo mês do ano passado, quando os internamentos sociais totalizavam 1.048. Considera-se internamento inapropriado todos os dias que um doente passa no hospital quando já tem alta clínica e não existe um motivo de saúde que justifique a sua permanência em ambiente hospitalar.
Estes casos, que à data da recolha dos dados (20 de março de 2023) representavam 9,4% do total de internamentos nos hospitais nacionais (excluindo unidades psiquiátricas), têm um custo estimado de quase 52 milhões de euros para o Estado, o que compara com 19,5 milhões em março de 2022. Extrapolando este cenário para o total do ano de 2023, os internamentos inapropriados podem ter um impacto financeiro de mais de 226 milhões de euros.
Estas são algumas das conclusões do 7º Barómetro de Internamentos Sociais, que contou com a participação de 39 unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS), num total de 19.462 camas hospitalares (88% do total, a nível nacional).
Os dados dão conta de um total de 102.807 dias de internamentos inapropriados (mais 228% face à 6ª Edição), um número que espelha o elevado impacto deste fenómeno no prolongamento da ocupação das camas em ambiente hospitalar, assim como no aumento dos tempos de espera para internamentos programados, resultando na degradação dos cuidados de saúde.
Este enorme aumento resulta particularmente do aumento da demora média dos internamentos inapropriados (61,4 dias em 2023 vs 29,9 dias em 2022), tendo como sua principal causa o atraso na obtenção de vaga para ERPI.
No que respeita às causas dos internamentos, a falta de resposta da RNCCI foi apontada como responsável por metade dos casos. No entanto, quando se analisa o aumento dos dias de internamento inapropriados, a principal causa passa a ser a não obtenção de vaga atempada em ERPI.
Dito de outra forma: temos mais doentes a aguardar vaga na RNCCI, mas aqueles que aguardam por vaga em ERPI aguardam mais tempo. Na mais recente análise, este fator explica 49% dos internamentos injustificados, estando entre as principais causas referidas em todas as regiões do país.
Lisboa e Vale do Tejo (34%) e norte (45%) são as regiões com maiores taxas de internamentos inapropriados, sendo responsáveis, em conjunto, por mais de 8 em cada 10 casos de pacientes internados sem sintomatologia clínica que o justifique, confirmada através de alta médica.