(Reportagem da RTP Madeira, de 22 de julho – VÍDEO).
“Cerca de 80 a 90 por cento dos idosos que estão nos lares da Santa Casa da Misericórdia do Funchal são acamados” Uma situação preocupante, que precisa de medidas preventivas urgentes.
A transição demográfica que os países desenvolvidos estão a passar, que também afeta a Região Autónoma da Madeira, conduziu a um envelhecimento acelerado da população, devido a uma alta esperança de vida e a taxas de natalidade muito baixas, do qual resultou um rápido crescimento da proporção de adultos mais velhos.
Esta alteração da estrutura etária da população representa um grande desafio ao nível da garantia da segurança, saúde e qualidade de vida das pessoas mais velhas.
O processo de envelhecimento é acompanhado por uma diminuição progressiva das capacidades, física e cognitiva, e a uma crescente necessidade de ajuda nas atividades da vida diária e atividades instrumentais da vida diária. Acresce, ainda, o aumento gradual da doença crónica, resultante muitas vezes da existência de múltiplas patologias, que, por sua vez, têm um impacto significativo no modelo de necessidades em saúde e de apoio social, para o qual foram projetados os sistemas de saúde e as respostas desenvolvidas no âmbito da proteção social de cidadania.
Neste novo cenário demográfico, as diferentes respostas de cuidados, de apoio social e de saúde, demandam uma profunda transformação, baseada numa progressiva integração funcional e num novo plano para contemplar um conjunto de outras intervenções que estão fora do perímetro dos sistemas de cuidados de saúde e de apoio social tradicionais, incluindo aqueles que se prestam em contexto de resposta social, para pessoas idosas, respostas sociais essas que se veem confrontadas com necessidades clínicas e terapêuticas e de promoção de saúde decorrentes do processo de envelhecimento e da existência de doença crónica, por parte dos seus residentes.
O desequilíbrio entre as necessidades de cuidados da pessoa dependente e a capacidade para as prestar no domicílio, sem qualquer estrutura formal de apoio, faz aumentar as solicitações de outros serviços que complementem ou substituam o processo de cuidados, até aí assegurados pelos cuidadores normalmente disponíveis.
As estruturas residenciais para pessoas idosas são hoje espaço de acolhimento de pessoas com muitos anos de vida, com duas ou mais doenças crónicas, que apresentam deterioração cognitiva e mesmo perda funcional grave, necessitadas de cuidados de saúde e, em determinada altura, de serviços de cuidados especializados, incluindo ações paliativas, de acordo com as suas necessidades ao longo do processo de envelhecimento.
Neste sentido, o Projeto de renovação e ampliação do Complexo Social de Santa Clara foi aprovado no passado dia 28 de março de 2023, nomeadamente, no Concurso n.º 4/C03-i03-RAM/2022, para a ‘Requalificação e Alargamento da Rede de Estruturas Residenciais e Não Residenciais para Pessoas Idosas – ERPI (RE-C03-i03-RAM-m01), prevista no Investimento: ‘Fortalecimento das Respostas Sociais da Região Autónoma da Madeira (RAM) (Investimento RE-C03-i03-RAM), no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência da RAM.
A intervenção que decorre deste investimento assenta em valores humanistas e de cidadania, essencialmente focada na inclusão das pessoas mais vulneráveis e com maiores carências, com uma atenção particular à população mais idosa, em fase final de vida ou com dependência funcional.
O investimento para este Complexo Social prevê a renovação de uma estrutura residencial para pessoas idosas, de um Centro de dia (integrado n ERPI), de um conjunto de Residências Assistidas para idosos, assim como a construção de uma área de serviços de saúde vocacionados para a reabilitação física da Pessoa Idosa.
Incluirá, ainda, a remodelação, ampliação e adaptação das infraestruturas existentes, nomeadamente, no atual Lar Santa Isabel, bem com a reconversão de equipamentos sociais, como é o caso das antigas Instalações da Escola Secundária do Funchal – Mercês.
O projeto visa a criação de 65 novas vagas e 20 vagas remodeladas em ERPI e RI, bem como 30 novas vagas de CENTRO DE DIA, perfazendo 115 vagas.